“Não vai acabar até realmente acabar”. A frase do presidente da Coréia do Sul, Moon Jae-in me parece a mais precisa que escutei nas últimas semanas sobre o coronavírus. De fato, podemos dizer que eles tem experiência quando o assunto é crise e essa não tem prazo para acabar.
Digo isso porque desde março tivemos previsões de todos os lados (universidades, epidemiologistas, especialistas, políticos, chefes de estado, …) do Brasil e fora, de que a crise acabaria em abril, maio, junho,…, e agora dezembro. A cada dia sai um artigo em uma grande revista, uma pesquisa, uma declaração de que os estudos mostram que a epidemia teria seu pico nos próximos 15 dias, e que por isso é essencial que todos fiquem em casa (#fiqueemcasa), pois após este período teremos a redução do número de casos e óbitos em nosso país.
Acontece que por diversos motivos esses 15 dias ainda não chegaram, e observamos incrédulos, governadores e prefeitos a cada dia tomando decisões aleatórias, e pra quem ficou curioso vou relembrar as políticas essenciais ao combate:
Precisamos achatar a curva e para isso precisamos comprar EPI, testar todos os casos suspeitos, de tempo para preparamos a saúde pública para atender todos estes casos, comprar respiradores, abrir leitos de cti, fechar escolas, comércio e todos os serviços não essenciais, fechar espaços públicos, precisamos de dinheiro para os informais e desempregados, para Estados e Municípios para cobrir a perda de arrecadação, precisamos que todos fiquem em casa em distanciamento social, e agora dizem que nossa última esperança é o lockdown e com urgência!
O que realmente aconteceu: não temos EPI suficientes, não temos respiradores no mercado, e os que temos iremos superfaturar, não conseguimos testar a população, não sabemos quem afastar, ficamos sem dinheiro nos Estados e nos Municípios, aumentamos o desemprego e ficamos sem aulas, aumentamos segundo a ONU o número de pessoas que passam fome em 100% no mundo, estamos morrendo esperando um leito de CTI que nunca aparece – esse já é fato há muitos anos na saúde pública.
Por essa razão resolvi divulgar a análise feita pela Solution Gestão Assistencial considerando os óbitos registrados nos cartórios do país e sua curva de crescimento exponencial. Ao contrário do que lemos todos os dias nos jornais, o número divulgado não corresponde a quantidade de óbitos ocorridos nas últimas 24h, eles se referem a soma de 3, 4 e as vezes 10 dias acumulados. Pelo registro de ocorrência nos cartórios das declarações de óbitos podemos saber por outro lado quando exatamente aquela morte ocorreu, e conseguimos plotar a taxa de crescimento real da doença.
A previsão é de que o pico de óbitos ocorrerá na segunda quinzena do mês de junho com queda a partir de julho, com média diária de 1154 óbitos. O número de casos por outro lado pode aumentar ou diminuir nesse mesmo período pois é completamente dependente do número de testes diagnósticos que aplicamos na população. Espera-se que o número de casos ainda aumente por mais tempo, pois como explicamos acima é o resultado de testes aplicados em espaços de tempo aleatório.
Mas e quando termina? A doença pode nunca terminar e se tornar endêmica em muitos países. Provavelmente a crise termina quando entendermos melhor da fisiopatologia da covid-19, do seu tratamento, quando tivermos uma vacina, quando… e até lá precisamos aprender a conviver com essa situação, reinventar muita coisa e manter a esperança porque a cada dia estamos um dia mais perto disso tudo acabar.
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